Jun 25, 2008

Amor

Hoje atravessei a ponte 25 de Abril duas vezes. De ambas as vezes, assim como de todas as outras vezes que a atravessei, lembrei-me do meu pai.

Tinha cerca de nove anos e o meu pai conduzia-me pelas ruas de Lisboa quando pedi que atravessássemos a ponte. Nascida e crescida na Ilha da Madeira, tinha o desejo de atravessar um rio e sentir-me em cima de uma ponte, de uma grande ponte. Como não fazia parte do itinerário, que me era alheio e indiferente, foi-me gentilmente negado.


Recostei-me no assento, triste, mas conformada. Os adultos sabiam sempre o que era certo, restava-me apenas aceitá-lo. Entretanto mergulhei no meu mundo de criança, cheio de pensamentos e de fantasias, sem dar pelo tempo passar, esquecendo inclusive onde estava e para onde ia.


Quando dei por mim estava sobre um grande rio, em cima de uma grande ponte... A minha alegria foi explosiva, e lembro-me de dar pulinhos no banco de trás daquele carro, que não me lembro qual era, naquela dia, que não tenho a certeza qual foi. Mas lembro-me de olhar para o meu pai e de amá-lo como nunca, mais do que aquele rio e mais do que aquela grande ponte.

Obrigada papá.



1 comment:

eu said...

Fiquei comovida...